quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Este post vai ser longo

Lá para 2006, mais ou menos, eu fui demitido e fiquei desnorteado. Nunca havia ficado sem emprego antes, não sabia o que fazer. Entretanto, eu também fui demitido porque queria, já que estava bem insatisfeito com meu emprego e passei a acochambrar mais do que o meu normal - e olha que meu normal já é bem relapso. O que mais me incomodava era o constante clima de terror em todos os dias da semana, sendo que na segunda a coisa começava às 8 da manhã. Eu devia, mas eu não tinha coragem de me demitir.

Aí, foi esperar o facão. Terceirizei o trabalho.

Bom, daí estou subindo a Consolação, no meio de uma tarde de terça-feira, sem saber o que seria dali por diante e toca o telefone. É o PC, querendo saber alguma coisa, não lembro o quê. Falei a ele que havia sido demitido e ele ficou desesperado. Nem dá pra dizer que foi mais do que eu, porque eu estava atônito. Parecia lesado, dopado. Ele disse pra contar com ele, que ele me passaria trabalho, frilas, o que fosse. Ele já vinha passando esses trampos há algum tempo, porque eu ganhava muito mal na Folha nessa época.

Foi quando, pela primeira vez na vida, pensei seriamente em virar frila por uns tempos.

E assim foi, graças à ajuda do PC. O tempo passou, tentei voltar às redações, mas já estava acostumado demais com os frilas. É mais fácil quando você tem um frila fixo, que te sustenta, e pode ir levando os outros. E aí, mesmo que os eventuais sequem, tem sempre o fixo. Fica mais fácil ainda quando quem garante esse fixo é seu melhor amigo, que além de tudo conserta suas mega-cagadas, acochambradas, e outras adas tais e nem reclama por isso.

Aí, com essa facilidade, a coisa foi ficando séria. E por uma série de eventos que se encaixaram - se eu não tivesse ido para a Folha, não teria conhecido o Petró, que não me indicaria umas 3 vagas no UOL, as quais, depois de falhar 3 vezes no processo seletivo, me levaram ao Madu, então editor, que acabou me passando frilas e depois mais e mais frilas - consegui suporte o suficiente para montar a minha empresa. Com o PC, que tava de saco cheio do trabalho e queria sair.

Mas ele sempre foi mais previdente e consciente e centrado do que eu. Sairia do trabalho e passaria 100% à Entre Aspas quando fosse melhor financeiramente, logisticamente, corretamente. Sem pressa. Até lá, não acochambraria no emprego. Pelo contrário, daria o melhor de si e iria, como foi, se tornando peça essencial no sistema dessa empresa.

Bom, mas voltando, tudo para mim começou com uma demissão - antes da Folha, havia passado 5 anos odiando meu emprego anterior e sem coragem para me demitir (e aí, sim, lá nessa empresa, pela política da época, eu nunca seria mandado embora).

Corta para 2009, setembro ou outubro. Estou voltando da Entre Aspas. Nani e eu. Como ele havia batido o carro, estamos no meu. Mais uma vez, como ele havia batido o carro, o meu está cheio de coisas do Nani: guitarras, notebooks, pedaleira, HD externo. Meu mesmo, só mais um outro notebook. Assalto. Levam tudo. Um caminhão da Granero em eletrônicos, praticamente.

Nessa época, já fazia algum tempo, eu estava afastado de algumas coisas que me faziam falta, mas eu nem lembrava. A minha família, via muito pouco. Havia parado de ir ao centro há anos. Trabalho voluntário era uma mera lembrança de quando eu tinha 20 e poucos.

Aí, as coisas começaram a se desenrolar.

Ao saber que eu tinha sido assaltado, meu tio passou em casa e me levou ao Centro. Fiz um cartão de tratamento. Nos mudamos, porque não tínhamos mais segurança na Casa Laranja. Eu voltei à casa dos meus pais. No Poupatempo, para fazer novos documentos, conheci o Escreve Cartas e voluntariei-me. Já percebendo que tinha ainda mais tempo, me inscrevi também no CVV. Tentei meditação, piano. Emagreci mais de 10 quilos sem remédio. Montei uns 10 blogs, mas entrei nesse com o Paulo, outro amigo querido que também está procurando seu caminho e que volto a conviver depois de muito tempo.

E eu devo terminar esse 2010 como o ano mais engrandecedor da minha vida. Pelo que me lembro, e pelo que escrevi aqui, isso tudo começou com um assalto.

Tudo isso para dizer que mudanças são boas. Eu e o Paulo estamos vivenciando isso. E o outro Paulo, não o que escreve aqui comigo, mas o PC, pode enxergar isso em algum tempo. Curtíssimo, eu acho.

Em 2006, ainda atônito, a Helena me disse uma frase que gostei. "Mudanças são boas." Ela, como em tantas outras coisas, tinha razão - e ela acaba de operar uma mudança homérica na vida dela. Essa frase se encaixa perfeitamente em outra, que o Porcão me disse uma vez, que é óbvia, mas nunca lembramos "nada é definitivo". As pessoas têm mania de pensar o contrário. Hoje é possível mudar de emprego, de casa, de cidade, de estado civil. E se der errado, desfaz-se. Se não é possível desfazer, muda-se. Apela-se. Inventa-se. Reinventa-se. Quase sempre há opções. E se não as há, pode-se avacalhar.

Então, quando há uma mudança brusca na vida de alguém, em especial quando alguém perde um emprego (ou termina um namoro), eu costumo dar os parabéns (se for o namoro, vai mentalmente a congratulação, porque honestidade demais é falta de educação). Normalmente, o que se vê por aí são lamentações.

Claro, há outras questões envolvidas - e quando a decisão é unilateral e você é o lado que somente recebe a notícia, sua auto-estima vai pro saco - mas de forma geral tendo a enxergar com bons olhos. O sentimento inicial tende a passar - como diz o Caio Fernando Abreu, em Vai Passar - e quando passa, o que fica são centenas e centenas de possibilidades e de caminhos e de experiências.

Que podem ser boas ou não. Depende do quanto você está pronto para fazer a escolha mais acertada, depende do seu discernimento, da sua disponibilidade e da sua sensibilidade para enxergar os sinais, de senti-los. Depende ainda do quanto você está pronto para arregaçar as mangas e trabalhar para buscar seu caminho - ou mesmo abri-lo, com uma chave, à força ou assoprando. "Quando o trabalhador está pronto, o trabalho aparece."

Por fim, se é que alguém chegou até aqui neste post, vou falar dos meus planos para 2011: ser, nos próximos tempos, para o PC o que ele foi e tem sido pra mim desde 2006, ou o que ele tem sido para tanta gente desde o início da agência. E se, de alguma forma, com isso ele puder encontrar seu próprio caminho (coisa que acredito piamente), ou abri-lo com um sopro ou à força, não importa, a Entre Aspas já cumpriu seu papel na Terra.

Bem-vindo e parabéns, PC.


segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

As Coisas se Resolvem Sozinhas

32 anos sem dar uma olhadinha mais atenta para dentro é um tempo e tanto. Daí, quando se começa, encontram-se muitas coisas curiosas. Percebi esses dias que os defeitos alheios que mais me irritam são exatamente os que tenho. Embora esteja tentando mudar, e acho que o primeiro passo para isso é se conhecer e os reconhecer, sei que sou teimoso e muito turrão.

Pois é, aí quando vejo alguém teimando ou turrando, me irrito internamente (quando me irrito, claro. Porque não é sempre) mais do que se eu vir alguém de mau humor ou sendo avarento - cito essas características em especial porque sei, com certeza absoluta, que não as tenho. Daí eu concluo que se eu não fosse eu e me conhecesse, não seria meu amigo. Frase estranha.

Mas eu comecei esse texto para falar sobre ansiedade. Sou relativamente ansioso e nunca fui de levar as coisas tão a sério - por isso, minha ansiedade sempre foi bem controlada. Mas sempre tive a tendência a sofrer por antecipação. Se eu tinha de fazer algo chato no dia seguinte, já ia dormir pensando. Se a tarde teria uma reunião chata, acordava macambuzio (palavra estranha).

Aos poucos, tento mudar isso. Meu pai sempre disse que quem sofre por antecipação sofre duas vezes. Quando, na verdade, pode não sofrer nenhuma. Às vezes, o que pode ser um chato evento vindouro pode ser, na prática, uma excelente e grata e surpreendente experiência. Expectativa é quase tudo. Aliado a isso, tenho adotado bastante o mantra do Alex, que pode parecer simplista e cômodo (e é mesmo), mas que ajuda muito a sofrer menos.

"As coisas se resolvem sozinhas." Claro, não é tudo que se resolve sozinho. E não acho que devemos simplesmente sair por aí cagando e andando para o que der e vier Mas não é uma bobagem. Na prática, a gente não tem que resolver tudo. Acho que a frase quer dizer que é possível peneirar o que fazer e quando fazer, saber delegar e não ser tão possessivo. Respeitar seus próprios limites e ainda as necessidades alheias

Tarefas extremamente difíceis.

Acho que isso tem a ver com mais duas frases que estão martelando na minha cabeça há dias - "quando o trabalhador está pronto, o trabalho aparece" e "intenção é tudo, o ato é nada" - mas ainda não achei o link. Quando achar, volto aqui para escrever mais sobre o assunto.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Sapatos Velhos

Passar o dia usando sapatos apertados é algo muito incômodo, ainda mais quando o mercado oferece outros bem mais bonitos e confortáveis. Mesmo assim nunca fui de ter vários pares de sapatos, sempre achei que um era suficiente, mesmo que não fosse assim tão confortável, um era suficiente. Afinal de contas como poderia ter outro, isso além de inadmissível não é la muito comum, em geral só se permitem um par por pessoa, mais que isso pode ser considerado promiscuidade por muitos e em algumas culturas pode até ser punido com a morte! E então, durante anos fui fiel ao meu único par de sapatos... Ah, como eu adorava aqueles sapatos velhos e olha que nem eram assim tão confortáveis. Eles estavam em farrapos, a sola estava cheia de buracos, caminhar em dias chuvosos era impossível, portanto não havia mais o que fazer, era hora de trocá-los. Durante muito tempo a idéia de usar outro par de sapatos me causava asco, não podia em hipótese alguma pensar em traí-los, isto estava fora de cogitação. Independente do que acontecesse estaria com eles até o fim. Porém nos últimos dias meus pés estavam extremamente inchados, os calcanhares apresentavam pequenas lesões que tornavam os passos difíceis e dolorosos, as unhas doíam e ao final do dia uma fadiga inigualável tomava conta de mim, e tudo isso tornava o dia seguinte um tremendo martírio. È quase impossível seguir qualquer caminho com dores nos pés.

Decidi que era hora de trocá-los. Mas como? Durante anos nossas vidas eram uma só, nunca se via um sem o outro, éramos uma dupla, ou melhor, um trio, formávamos um ser só. Mas meus sapatos além de velhos não me serviam mais, meus pés haviam crescido, eu havia mudado ee acho que não perceberam o quão diferente estava, ou talvez não entendessem... E isso tudo impedia de continuarmos servindo um ao outro.


Foi aí que fui a uma loja e comprei outro par de sapatos. Comecei a semana usando-os. Estranho, mas estou me sentindo bem. Quase não penso nos velhos. Parece que o conforto que este proporciona me fez quase que completamente esquecer-me de meus velhos amigos. Foi difícil acostumar-me com a idéia dos novos sapatos, mas tem sido agradável usá-los, mesmo que em alguns momentos me pegue pensando nos velhos. Talvez sempre pense, ou talvez não, não sei. O fato é que não havia outro jeito: eu precisava de sapatos novos, mas para enxergar e aceitar meus pés precisaram sentir muitas dores.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Espelhos

Hoje eu estava lendo um livro chamado "Você não tem que resolver tudo". Não passei das primeiras páginas, mas basicamente o autor defende um negócio interessante. Quando alguém nos conta um problema, antes mesmo de terminar de ouvir, já estamos pensando em que conselho dar a aquela pessoa. É meio que instintivo e automático.

A questão no caso é que, muitas vezes, a pessoa está contando um problema simplesmente para desabafar, e não para ser aconselhada. E ao pensar em saídas para o problema, o interlocutor, a bem da verdade, não ouve nada o que a pessoa diz - e é somente isso que ela queria.

Gostei do ponto.

Mas ouvir é mais difícil do que imaginamos. Basta fazer o exercício - se alguém começar a contar uma história, tente ouvi-la e simplesmente compreendê-la. Sem se distrair com alguma borboleta que passe voando, sem pensar no que faria no lugar da outra pessoa, sem pensar porque aquela pessoa está passando por aquilo, se merece ou não. Simplesmente ouça, compreenda e aceite. Pode parecer pouco, mas pode ser exatamente o que a pessoa queira.

Eu tenho tentado isso a cada dia - e em especial às segundas-feiras. Cansa. É um trabalho árduo de concentração, de treino. Requer esforço. Uma coisa que ouço muito há muito tempo, principalmente aqui em casa, é que a palavra tem força. Discordo. Acho que a palavra tem peso. E esse peso pode te levar para baixo ou para cima, de acordo com o conteúdo da história. Quanto mais densa a história, mais o peso te leva para baixo. Aí, o trabalho é mais árduo ainda: além de ouvir, de aceitar, de prestar atenção, de não julgar ou pré-julgar, é ainda necessário se manter no mesmo nível desde antes do começo da história. No mesmo prumo.

E se certas palavras, histórias, narrativas tem um peso para o interlocutor, se o tocam a ponto de o deprimir ou animar, imagino o que aquilo - que ainda não é palavra, mas um apanhado de sentimentos - pode fazer dentro da pessoa, do locutor. Por isso talvez seja tão bom desabafar. Para que aquele emaranhado de coisas não fique dentro e acabe por corroer a pessoa internamente. Nesse caso, talvez o ato puro e simples de falar faça a diferença. E se esse é o caso, com certeza ser ouvido, compreendido e aceito, sem receber conselhos ou o que quer que seja, deve fazer um bem ainda maior.

Hoje terminei o dia lendo aquele livro que comentei ali em cima. Mas durante parte dele - do dia - li um livro com cartas de suicidas. Pesado. Denso. O conteúdo em palavras muitas vezes eram singelos e até corriqueiros - "para sacar o dinheiro do banco, faça isso", "para requerer a aposentadoria, leve meu rg que está em tal lugar" -, mas no âmbito geral é uma coisa que faz pensar. Não dá para não considerar que se aquelas pessoas tivessem escrito ou dito aquelas palavras (não os casos corriqueiros, mas as despedidas) para quem pudesse ou quisesse ouvir, poderiam ter destino diferente.

Nunca se sabe.

Sei que acredito em sinais. E outro dia tive vários com espelho. Cheguei em casa e meu pai me contou uma piadinha boba. A resposta era "espelho". Logo depois, saí e deixei o espelho retorvisor do carro em um caminhão estacionado. Horas mais tarde, andando por São Caetano, passei por uma rua onde havia um monte de espelhos no chão e um cartaz escrito "cuidado, espelhos". Aí fiquei pensando que tipo de sinal era aquele. O que tantos espelhos queriam dizer? Estava encafifado com isso até hoje, mas aí li o "Você não tem que resolver tudo" e conclui que quando eu tiver que saber, saberei. Se é que isso quer dizer alguma coisa ou se foi só uma coincidência do dia.


terça-feira, 16 de novembro de 2010

Silêncio

Quando decidi escrever nesse espaço prometi a mim mesmo que pelo menos uma vez por semana postaria um texto. Não me lembro a data do último post, mas acho que não consegui cumprir o combinado. Porém, mesmo não conseguindo seguir uma regularidade, estou satisfeito.  Até bem pouco tempo atrás achava impossível falar sobre mim, mesmo com as pessoas mais próximas! Então veio a idéia do METAMORFOSE,  tenho certeza que em momento algum da minha vida tenha conseguido falar tanto sobre mim. Sentimentos, opiniões, problemas... Tudo era guardado a sete chaves e qualquer coisa que pudesse mostrar um pouco mais do meu íntimo causava pânico. O engraçado é que as coisas mudaram de uma hora para outra, sem nenhuma explicação. Todo aquele medo de pré-conceitos, julgamentos ou má interpretação se foram, e já não me causam nenhuma fobia. Concordo com o Sérgio em relação a não julgar, mas acho a idéia utópica, estamos longe de tanta perfeição, julgamos o tempo todo, mesmo sem querer e era justamente isso que me causava medo.
Bom, o que quero dizer com tudo isso é que tudo que escrevi até agora nada mais são que reflexos de determinados momentos da minha vida e por isso possuem um significado especial. Nem acho os textos tão bons assim (os meus, claro), a maioria não é conciso e em geral são confusos, sem muita coerência. Mas para mim eles põem fim a uma era de silêncio e medo e fazem parte de um novo início, mais difícil é verdade, porém muito mais gratificante.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Longa Caminhada

Poucas coisas me deixam mais incomodado do que ir dormir brigado com alguém. Sempre penso que posso morrer à noite e não terei a chance de fazer as pazes. Acho que minha tia, minha mãe ou alguma das minhas irmãs me falou isso quando eu era criança e nunca mais esqueci. Daí, sempre tento fazer as pazes o quanto antes, dar dedinho e tudo mais. Na verdade, sempre tento mesmo é não aborrecer os outros, mas isso não é fácil. Podemos magoar quando não temos ideia do que estamos fazendo.

E isso porque o que é bom para mim nem sempre o é para você. Nunca se sabe como a pessoa acordou aquele dia, qual foi a formação dela, quais os problemas dela. Assim, o que uns consideram "bobo", "frescura" e assemelhados, é coisa séria para outros. Quem decide com o que pode e com o que não pode se ofender?

(Antes que pensem, não me ofendi com ninguém e, espero, não ter machucado ninguém nesses últimos tempos. Em resumo: não é esse o motivo do meu post.)

Nesse ponto, até mesmo o preceito "não fazer para os outros o que não queremos que façam para a gente" perde um pouco do valor. É um começo e se a pessoa seguir corretamente, obviamente, será melhor. Assim como quem segue à risca dos 10 mandamentos - o PC me contou de um programa que ele viu que o cidadão passou uns meses seguindo a coisa toda de Moisés à risca e, no final das contas, percebeu que havia melhorado muito.

Eu acho que quem decide o que pode e o que não pode com o outro é o próprio outro. E não nós mesmos. Nós podemos decidir sobre nós, impor limites, essas coisas. Direito de se ofender, todos temos.

E isso que discorro aqui entra justamente na questão do não julgar. Um dos caminhos espinhosos que tenho de percorrer antes de chegar ao objetivo de não julgar ninguém é não medir as pessoas com a minha régua. E como medir os outros com as réguas deles? Se tiver um modo de fazer isso, melhor. Se não, simplesmente - e esse simplesmente é uma coisa e tanto - não medir pode resolver.

Mudando completamente de assunto, outro dia a Leandra comentou aqui que não falei que era sempre bom encontrá-la. Falei da Rogéria, mas é sempre bom encontrar amigos queridos (Leandra inclusa) que não vejo há tempos. Quando o convívio fica mais intenso, não se tem a felicidade de encontrar a pessoa que não se vê há muito tempo - e perde-se o encanto. Conviver é maravilhoso, mas muito difícil.

Falando em conviver, no sábado eu e Paulo demos uma mancada com a Leandra. Saímos da casa dela sem avisar e isso nos preocupou muito. Ensaiamos ligar para ela, para nos desculpar, várias vezes. Acabou que passou o tempo e desencanei. Para diminuir minha preocupação, conclui que não era motivo de se chatear e que amigos deixam passar coisas desse tipo. Aí, agora, percebi que ao "concluir que não era motivo de se chatear e que amigos deixam passar coisas desse tipo" o estava medindo com minha régua.

Vai ser uma longa caminhada.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Quase lá!

Os últimos dias estão muito corridos, porém produtivos. Estou enfim terminado com meu amigo Daniel nosso artigo sobre interações medicamentosas que está ficando muito bom. Outros projetos estão em andamento e as perspectivas são as melhores possíveis. Mesmo sem muito tempo sobrando tenho feito coisas que há muito não fazia, como por exemplo, encontrar os amigos. Parece coisa simples, mas é engraçado como em determinadas fases de nossas vidas nos afastamos das pessoas, e pior, de pessoas que gostamos muito. O distanciamento, na maioria das vezes, se dá por simples descuido. Mas estou feliz em ver que a maioria tem encontrado um caminho, e se não, estão buscando. Alegra-me ver o Bucha empolgado com seu novo projeto no CVV, que parece ser um trabalho árduo, porém muito gratificante, ouvir pessoas não é tarefa simples, ainda mais pessoas com problemas tão variados. Também gostei de ver Leandra e Moóca voltarem a escrever em seus respectivos blogs (http://tinyurl.com/322o92b  ,www.abasedecafechopps.blogspot.com), acho que nunca deveriam ter parado, pois ambos escrevem muito bem. Ri muito no sábado tomando Mecenas (cerveja que recomendo a todos www.cervejamecenas.com.br) na casa do Alex com histórias como da “jaguatirica” e do “coelho gigante” contadas por nosso amigo Costela (que diga-se de passagem, está devendo um texto nesse espaço). Enfim, é bom estar perto dos amigos.
O ano está praticamente no fim e vai dando uma sensação estranha... O tempo passa tão rápido que temos a impressão de não termos feito nada de útil e proveitoso... Mas provavelmente essa impressão é falsa, pois acho que tudo que acontece tem um propósito, não sei quem determina isso, e acho melhor nem saber. Logo estaremos rindo de todos os problemas enfrentados e chegaremos a conclusão de que nada era bicho de sete cabeças e que sempre há uma solução para tudo, ou pelo menos quase tudo.  E assim continuamos em nosso interminável processo de METAMORFOSE...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O que eu quero dizer com isso?

Se tem uma coisa que tenho aprendido controlar satisfatoriamente é minha afobação. Na verdade, a palavra que eu queria usar no lugar de "afobação" é "ansiedade". Mas ela me fugiu quando estava escrevendo a primeira frase deste post e eu acho que minha ansiedade tá mais para afobação mesmo.

Então, falemos de afobação. Ou melhor, do controle ok que estou conseguindo ter sobre ela. Hoje foi meu primeiro dia no CVV, depois de meses de curso, e achei sussa. Não estava afobado e estava tentando não pensar nisso tudo até o momento em que eu estivesse lá. Deu certo. Cheguei tranquilo, fiz os atendimentos e saí mais tranquilo ainda. Foi cansativo, mas acho que me acostumo rápido com o esquema deles. Ou melhor, nosso.

É incrível como quando a gente vai completamente sem expectativa para alguma situação, se sai melhor. Não se decepciona - o que não quer dizer que não se supreenda. E isso me parece bom. É o tipo de coisa que aprendi com meu pai - junto com tentar ser uma pessoa boa - que estou tentando por em prática a cada dia. "Quem sofre por antecipação sofre duas vezes."

De resto, estive pensado que não posso mais beber tanto quanto o fiz na sequencia sexta-sábado. Não pela bebedeira em si, mas pelo tanto de dias que preciso para me recuperar - e como isso mata meu ânimo quando tenho que fazer qualquer coisa. Ontem teve reunião com os meninos do Na Mão do Pierrô e eu fui me arrastando até SP. O bom é que acabou sendo legal e é sempre bom encontrar o Rogério.

Até hoje, lá pelas 4 da tarde, ainda tava com uma nhaca por conta da bebedeira de sexta-sábado. Preciso realmente maneirar ainda mais com isso, se quiser que meu plano dê certo. Se contar que dia de ressaca sempre me deixa a flor da pele. Quase chorei, por exemplo, ao ver a Dilma sendo eleita - e olha que anulei o voto. É o tipo de coisa que o álcool faz, já me acostumei, mas não deixo de achar estranho.


domingo, 31 de outubro de 2010

Cálice

Tenho evoluído nos últimos meses, não da para deixar de perceber, mesmo que ainda falte muito, acho que agora estou no caminho certo, agora parece que as coisas estão mais claras e muitas das dúvidas aos poucos estão sendo esclarecidas. Estou começando a perceber que sou humano como todos, imperfeito, egoísta, apegado e sempre na busca utópica pela perfeição, mas é exatamente essa busca que me faz viver. Isso já foi dito, mas só agora consigo enxergar o óbvio: não fosse a busca pelo inalcançável jamais conseguiríamos dar o primeiro passo, e depois do primeiro passo, que sempre é o mais complicado, vem o segundo, o terceiro e assim por diante, e mesmo que não alcancemos nossos objetivos, evoluímos e “uma mente que se abre jamais voltará ao seu tamanho original”. Minha mente expandiu, agora nada é impossível, posso ser e ter o que quiser, posso estar com todos que amo por um dia inteiro, mesmo os que já nem estão mais entre nós, agora todos estão aqui ao meu lado, posso senti-los, tocá-los... Posso viajar pelos lugares mais lindos do mundo sem ao menos sair de minha casa, simplesmente fecho os olhos e imagino... Posso navegar pelos mares mais calmos imagináveis, sentir a brisa no rosto, apreciar um belo nascer do sol e o reflexo que esse causa nas águas que chega a doer nos olhos.
Pretendo continuar minha busca e seguir em frente sem pensar nas conseqüências dos acasos dessa estrada tão árdua que se chama vida. Quero amadurecer e aprender com os erros. Quero amigos que me abracem e se compadeçam das minhas angústias e chorem comigo todas as mágoas e tristezas que possam surgir durante o percurso. Não quero me confessar com um padre velho que me julgue e nem ao menos sabe meu nome, não preciso disso, eu quero o calor humano, quero sempre estar rodeado de pessoas, independente de caráter, não cabe a mim tão humano e ridículo julgar. E assim vou seguindo...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Menos um

Outro dia eu disse pro Paulão que ele escreve bem porque escreve com o coração. (Apesar de, enigmaticamente, ele não usar acentos. Às vezes, coração não tem permite acentos, não sei. Se bem que algumas das pessoas que melhor escrevem que conheço e que melhor escrevem com o coração que conheço usam acentos regularmente. Estou falando do Binson e da Vanessa, que infelizmente não escrevem mais por aí a não ser no twitter. E o Binson bem pouco, diga-se.)

Eu queria usar esse espaço aqui para escrever mais com o coração e menos com a bobiça, como eu faço nos outros lugares que escrevo. Inclusive, nos outros lugares que escrevo profissionalmente. Mas tudo bem, não vou forçar a barra. Deixarei a coisa correr para o caminho que ela quiser.

Mas eu comecei esse post porque estava pensando em algumas mudanças da minha vida e essa semana está sendo uma parada bem chave para que a coisa não degringole. Recusei alguns convites para aniversários e bebedeiras - enquanto escrevo isso, inclusive. Ao passo que terminei a segunda fase do curso no CVV e semana que vem começo os atendimentos. Só estou ansioso para resolver logo a questão dos plantões e definir exatamente os dias que não poderei faltar de forma alguma ao compromisso por, pelo menos, os dois próximos anos. Hoje também fui ao Escreve Cartas no Poupatempo e pouco fiz. O trabalho lá é bem sossegado, mas a cada pessoa que atendo, normalmente são duas ou três por semana, já acho que valeria a pena por anos sem fazer nada. WE também aproveitei a ir ao centro aqui perto de casa. Clima muito bom.

De qualquer forma, como uma semana chave, estou fazendo coisas que há muito ou nunca fiz. Por exemplo, estou com as entregas de trabalho em dia. E vou tomar o chá de fim de noite que costumo tomar nessa nova fase pós metmorf. Ah, tenho ouvido muito O Descobrimento do Brasl, do Legião e achei que jamais escreveria ou diria isso, mas estou achando o melhor disco deles até agora.

Bom, agora, ao chá. Com a minha mãe. E com a certeza, pelo menos, de que amanhã estarei 100% para qualquer coisa. Isso é bom. E, por isso, me deixa feliz.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Mais do mesmo

Hoje um passarinho entrou pela janela da agência e eu não sabia como ajudá-lo. E sempre que eu não sei resolver uma situação que me incomoda, me dá um princípio de pânico. Aí eu acalmo e começo a pensar em como resolver. Hoje, estava nessa quando o passarinho, com bem mais pânico do que eu, conseguiu sair sozinho.

Mas apesar desse pequeno incidente, o que nem pode-se considerar algo incidentável, o dia foi excelente e em vários momentos tiver vontade de cortar um pedaço dele e guardar para viver mais vezes. Interessante é que em todos esses momentos que me deram arroubos de felicidade, não estava acontecendo nada fora do comum. Exemplos. Eu dirigindo e ouvindo um programa esportivo qualquer. Eu lavando louça, pós-aula de piano, enquanto ouvia minha mãe tocar. Coisas cotidianas e bacanas, que me deixam feliz, aparentemente sem motivo.

Bom, acabei de postar no doisvezesum.blogspot.com e isso me deixa satisfeito também. A ideia é escrever o máximo possível lá e aqui, e até que estou indo bem. Hoje também definimos a reunião para acertar o livro Na mão do pierrô, que está sendo escrito desde 2005 e aparentemente agora sai. Sempre que eu leio e releio, me pego rindo sozinho. São piadas que nem lembrava de ter escrito, em outra fase, outro momento da minha vida. Curioso.


sábado, 23 de outubro de 2010

A coisa esta feia

Eu juro que tenho tentado acreditar em algo, mas não esta fácil. Se depender das religiões monoteístas não tem como fugir, vou direto para o inferno! Bom, mas ainda me resta o espiritismo, acho que por la coisas são menos rigorosas, pelo menos não vou virar pó e esperar o dia do juízo final, e de quebra ganho outra chance para evoluir e aprender com erros passados, gostei da idéia. Seja como for, não preciso me preocupar, de um lado e só me arrepender de todos os pecados e curtir a vida no paraíso,  do outro, escolher algumas dificuldades para próxima reencarnação e procurar a evoluir espiritualmente. Tudo muito fácil para ser verdade!

O ultimo cigarro

Acabo de acender o ultimo cigarro que fumarei. Estranho, já havia feito essa promessa anteriormente, mas agora e pra valer, serei firme, chegou a hora da metamorfose! Unhas, dentes e bigode amarelados denunciam o consumo exacerbado do tabaco, mas este e o ultimo... Enquanto escrevo vejo a brasa consumir os últimos momentos de alegria e prazer, ah como queria que esse momento durasse para sempre. Os lábios cianóticos servem de contra prova, a face envelhecida, a barba por fazer, quase não me reconheço! Faz tanto tempo que não me olho no espelho que já havia ate esquecido da minha fisionomia, como mudei nos últimos anos! Mas sigo em frente, colecionando vícios e derrotas, mas sigo, pois não há tempo para lamentações. Meu ultimo cigarro chegou ao fim, o que fazer agora? Começo a me sentir desesperado, sei que nos próximos dias vou ficar mal humorado, vou perder o sono e engordarei vários quilos... Pensando bem acho que vou acender mais um cigarro...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Valsinha

E daí que esse blog chama Metamorfose e esse é meu primeiro post aqui.

Achei muito bacana o Paulão ter me chamado para escrever neste espaço e vou tentar passar por aqui com alguma regularidade - o que já tá difícil em outros projeto online. Acei os primeiros textos fantásticos - o primeiro, na verdade - e queria seguir essa mesma linha.

Ao contrário de outros lugares que já escrevi ou escrevo, como o Veríssimos, o Morfina, o DoisVezesUm, o interiortreta, o UOL e assim por diante (se quiser encontrá-los, vá ao Google), aqui quero escrever em primeira pessoa e usar este espaço como um diário. Coisa de menina e tals.

Isso tem a ver com o nome do espaço - Metamorfose. Estou em uma fase de mudanças - interiores - na minha vida, acho que está na hora de iniciar mais uma: usar um espaço virtual pra falar de mim, do que tenho sentido, do que tenho feito. Como disse, e repito, parece coisa de menina e tals. Vou copiar meu amigo Mooca, que começou a fazer um negócio muito bacana e deixou no meio (espero não deixar no meio), no http://abasedecafechopps.blogspot.com/.

O interessante é que, no momento, não tenho nada para falar de mim. Parei e pensei por 15 minutos e não achei nada que meramente valesse a pena escrever aqui. Mas eu tentei. E isso é um começo. Há menos de seis meses, eu jamais tentaria algo do tipo. Tentei, fracassei, mas osu teimoso. Se da próxima vez não sair nada, conto sobre algo da vida de terceiros e finjo que foi comigo. Ou quase isso, não sei.

De qualquer forma, me pareceu um começo. Mais um princípio de mudança, dessa coisa metamorfotica e engraçada que tem me parecido todos os dias da vida.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Genialidade

A loucura e a infelicidade são os únicos estados de espírito compatíveis com a genialidade.

Ladainha do desespero

A angustia tomou conta de mim, tornando-nos um só ser. E eis que surge você, sempre ao meu lado, nunca questionando nem reprimindo meus atos, sempre me apoiando, alegrando-me, trazendo a paz que sempre busquei e nunca encontrei... Mas por onde andastes? Por que só agora, quando me resta tão pouco tempo aparecestes? Agora e tarde, o fim esta próximo e nada mais podemos fazer para alterar o curso de nossas vidas. E o fim! E só agora aparecestes?  Não, não e justo que as coisas aconteçam dessa forma, não e possível que ninguém vai intervir por nos, não, não pode ser! Infelizmente não tenho mais forças, não consigo mais lutar, fui derrotado pelo meu próprio destino, e agora nada mais me resta a não ser esperar pelo fim. Mas que seja breve, sem ladainhas nem carpideiras, um fim brando e sereno, exatamente como deveria ser todo fim!